quinta-feira, 20 de agosto de 2009

palavras...

Gosto de palavras.
Gosto até do som ao dizer "palavras".
As palavras são para mim corpos tocáveis, palpáveis, são sensualidades entranhadas.
Escrevo por isto mesmo. Porque gosto de palavras, gosto de como ficam bem quando conjugadas. Escrevo para me perder. Gosto da sensualidade que é perder-me e morder o lábio como uma virgem anónima e intocável.
Tantas vezes escrevo sem pensar, num devaneio externo e longíquo. Deixo que as palavras me façam companhia e me rocem o cabelo com intimidade.
Tantas vezes escrevo frases sem sentido e deixo-as fluirem mórbidas e melancólicas tal qual as ondas que se misturam e indefinem.
A palavra chorar nunca me amedrontou. Nem a palavra mágoa.
Não choro por nada que a vida me traga ou leve. Há no entanto momentos saudosos que me trazem melancolia. Sentimentos que nenhuma felicidade real me fará sentir, como nenhuma tristeza imitará antes da cortina fechar a peça, como o sopro que nos leva.
Não... Não é saudade desses tempos que tenho. É saudade daquele breve momento, é mágoa de não poder ter tudo outra vez pela primeira vez.

Ana

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