terça-feira, 6 de fevereiro de 2018


Há gente que consegue andar sobre os pegos como os alfaiates, fazendo bolha contra a água, sem se ferir nas lâminas que a inconstância do tempo aparelha.
Outros vão-se enfiando devagarinho, primeiro as plantas dos pés contra os seixos húmidos, depois os tornozelos e as coxas até ao arrepio da barriga. Enganando o medo oferecem as costas e os ombros e só depois gozam plenamente o frenesim dos peixes à solta nos cabelos.
Outros mergulham de repente sem pensar se o calor do sangue é suficiente para deter o frio, ou se partem a cabeça numa pedra caprichosa e aguda .
Há gente que simplesmente não arrisca, nem mergulha, nem se molha.
Espera nas margens que o rio passe.

© MARIA JORGETE TEIXEIRA 

Nenhum comentário:

Postar um comentário