sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Infedilidade dos outros

Gostaria de partilhar convosco uma conversa que tive à uns dias. Obviamente não vou referir nomes, até porque o sigilo profissional assim me obriga. Mas é um assunto recorrente que me tem chegado ao meu gabinete.

Uma senhora chegou-me ao consultório devastada. As forças fraquejam e estava num estado inicial de depressão. É uma mulher bonita, na casa dos trinta, atraente e pela maneira de vestir denota-se algum estatuto social e financeiro.

Começou por chorar alguns minutos, num choro nervoso. Depois, entre lágrimas, disse-me que o seu marido, companheiro de 10 anos, tinha-lhe sido infiel. Até aqui, é um caso triste, mas nada de novo, infelizmente. A infidelidade é cada vez mais comum. Seria um caso vulgar se não fosse o facto dela mesmo já o ter sido, repetidas vezes. Umas vezes ele descobriu, outras não. Mais que não do que as que sabia. A verdade é que esta senhora estava um pouco a provar do seu próprio veneno e não estava a gostar. É diferente quando estamos do lado da pessoa traída.

Ela já me tinha consultado várias vezes, quando a vida dela passou por um momento mau. Eu já conhecia o historial e o discurso. "Sexo por sexo não é problema, é apenas uma necessidade do corpo tal como comermos ou respirarmos" dizia-me ela quando abordava esta assunto. Agora mudou. Agora já pensou e já sabe o que é estar na pele da outra pessoa.

Muitas vezes agimos sem pensarmos. Sem nos colocarmos na pele da outra pessoa. Agimos apenas por impulso, calando a voz do nosso coração e ouvindo apenas o grito da carne. Esse, que o poeta diz que é fraca. A nossa vida pode ser simples, mas nós, os humanos, temos sempre de a complicar. Sempre.

Em jeito de conselho ficam apenas estas palavras: é simples manter um segredo, mas mais fácil é não ter segredos para manter.


Um abraço

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