quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Parábolas de Buda

O PRESENTE RECUSADO

Um insensato ouviu dizer que o Buda pregava que devemos devolver o bem pelo mal e o insultou.


O Buda guardou silêncio. Quando o outro acabou de insultá-lo, perguntou: "Meu filho, se um homem recusasse um presente, de quem seria o presente?"


O outro respondeu "De quem quis oferecê-lo".


"Meu filho" replicou o Buda, "Tu me insultaste, eu recuso o teu insulto e este fica contigo. Não será isso por acaso um manancial de desventura para ti?".


O insensato se afastou envergonhado, porém voltou para refugiar-se no Buda.


Extraído do livro "Buda" de Jorge Luiz Borges, Editora Bertrand Brasil.

RECONHECENDO O VERDADEIRO VALOR

Um rio separava dois reinos, os agricultores o usavam para regar seus campos, porém um ano sobreveio uma seca e a água não chegou para todos.


Primeiro brigaram uns com os outros, e logo seus reis enviaram exércitos para proteger os respectivos súditos. A guerra era eminente. O Buda, então encaminhou-se à fronteira onde acampavam os dois exércitos.


"Dizei-me, falou, dirigindo-se aos dois reis - que vale mais: a água do rio ou o sangue de vossos povos?"


"Não há dúvida", contestaram os reis - "que o sangue destes homens vale mais do que a água do rio".


"Oh, reis insensatos" - disse o Buda - "derramar o mais precioso para obter aquilo que vale muito menos! Se empreendeis esta batalha, derramareis o sangue de vossa gente e não tereis aumentado o caudal do rio em uma só gota".


Os reis envergonhados, resolveram pôr-se de acordo de maneira pacífica e repartir a água. Pouco depois chegaram as chuvas e houve irrigação para todos.


Extraído do livro "Buda" de Jorge Luiz Borges, Editora Bertrand Brasil.


A COMPAIXÃO POR TODOS OS SERES

Tinha ele (o Buda) atingido o último grau de perfeição neste mundo, o estado Nirvânico em que toda a tristeza e todo o sofrimento são deixados para trás, e o ser mergulha na bem-aventurança plena do Ser Universal, quando viu um mosquito a ser devorado por um morcego.


Então, palpitou de misericórdia o seu coração tão nobre e compassivo e, detendo-se, no limiar do Nirvana, refletiu:


“Não, a perfeição final que eu julgara ter alcançado, a universalidade de ser que eu julgara ter alcançado não estão ainda completas. Nem o estarão nunca enquanto houver um único ser – ainda que um simples mosquito – perdido na dor e na ignorância, distante da meta da sua própria perfeição.


Nenhum ser pode alcançar sozinho a salvação e a bem-aventurança; esta só estará imaculada quando todos os seres lhe tiverem acedido, recuperando a plena consciência da Unidade do Ser”.


Serenamente, decidiu o Iluminado permanecer em contato com a humanidade, e por meio dela, com as existências de todos os reinos inferiores, para ajudar todos os cansados peregrinos a subir no caminho, em direção à meta suprema.

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