Hoje a minha melhor companhia sou eu!
E nem se quer estou melancólica, ou triste, ou desiludida, ou magoada, não, hoje quero ter-me a mim como companhia.
Só!
Desligo o telemóvel, o telefone, música ambiente e nem precisa ser uma música calma ou triste, a festa é só comigo.
Tomo um banho bem demorado, fecho os olhos e penso no que de melhor me aconteceu e vai acontecendo pela vida fora, no que saboreio de uma vida nunca fácil, mas tão vivida e sempre que possível prazerosa .
Sorrio enquanto passo o sabonete pelo corpo… as lembranças são divinais, deleito-me com a água a descer pela barriga, levemente, livremente...
Deito mais alguns sais para a banheira e aninho-me bem no meio, como se todo o meu mundo estivesse lá dentro, como se tudo o que passa no exterior me fosse alheio.
E penso nas minhas mágoas, nos meus medos, nas minhas indecisões, nas barreiras que devo ultrapassar e ainda assim me assustam, mas ali deitada tudo parece tão mais fácil…
Levanto-me, envolvo-me no meu roupão, enxugo os cabelos, penteio-os vagarosamente, delicadamente, limpo a minha pele que sinto renovada, purificada, mimada e hidrato-a zelo, contorno cada curva, sinto o aroma do banho e do creme… e de mim.
Deixo o roupão na casa de banho, vou orgulhosamente nua para o quarto, qual estrela de cinema, em bicos de pés, olhando para o que sou e nem estou preocupada com a celulite ou com as estrias ou com a gordurinha , quero lá saber, o que sou está ali, tal e qual, sem medos, orgulhosamente eu!
Escolho uma lingerie bem bonita, esta noite quero estar impecável… para mim.
Um string em cetim, a minha camisa de noite preferida, também em cetim, com algumas transparências, como eu, perfumo-me e estou pronta…
Não vou deitar-me a ver filmes românticos, ou a novela da noite, vou estar comigo, brindar a mim, aos meus momentos, à minha alma, à minha paz, ao que sou!
Na cozinha preparo um cocktail de frutas, com as minhas frutas de eleição, preparo um vinho fresco e vou pra sala.
Recosto-me no sofá, sorvo um gole daquele vinho, brindo a mim, como um pedaço e outro e outro de fruta, saboreio cada momento, delicio-me com a música, recordo imagens, revivo momentos, pessoas e algumas tão marcantes, não sinto saudade, tudo passa e nós passamos pela vida, não a vida por nós.
Nunca senti saudades do que fui ou vivi, ou de quem deixei de ver, aceito as partidas e as chegadas com a mesma alegria, aproveito o que vou tendo.
Mas de facto, gostava de rever algumas pessoas que me fizeram muito bem, e mesmo através do sofrimento fizeram-me ser o que hoje sou, fizeram-me crescer, amadurecer, tornar-me forte, imune a muitas coisas… frágil noutras tantas.
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